sexta-feira, 18 de março de 2011

O Homem Que Ri (The Man Who Laughs – 1928)


Hoooray!! Como vai pessoal? Nesse tempo que fiquei sem postar uma tragédia horrível abalou o Japão, fomos presenteados com o ‘maravilhoso’ clipe da Rebecca Black e a Maria Bethânia ganhou (vai ganhar) 1,3 milhão pra fazer um blog. E eu aqui trouxão fazendo o meu de graça! Mas deixe estar, Bethânia. Deixe estar.

Também terminei de assistir a ultima temporada de Lost e Caverna do Dragão (esse último, no caso, re-assistir). Agora chega de gente que vai parar por acidente em mundos sobrenaturais e tentam voltar para casa! Vamos resenhar!

Em 1969 o escritor, poeta, dramaturgo, pintor e ativista dos direitos humanos Victor Hugo (autor de O Corcunda de Notre Dame, Os Miseráveis, etc.) lançou o livro O Homem Que Ri. Quase sessenta anos depois sua versão cinematográfica veio ao mundo. Acabou se tornando um filme bem popular em sua época, muito pela performance marcante de Conrad Veidt (que também interpretou Cesare, aquele sonâmbulo sombrio do espetacular O Gabinete do Dr. Caligari, de 1919) e também por concentrar uma dose certeira de aventura, drama,  belos cenários e uma estória envolvente. Algo que seria tido como ‘cinema pipoca’ hoje em dia caso houvesse uma adaptação atual e fiel à essência do filme. Então, sem mais delongas, vamos a ele!
Temos como cenário a Inglaterra do século dezessete, mais precisamente no castelo do rei James II, onde Barkilphedro, seu puxa-saco oficial, vai acordá-lo para lhe dar uma notícia muito importante.


Aliás, essa é uma maneira intima demais de acordar um rei, não acham? Sendo assim tomarei a liberdade de ser intimo também. Nada de James II! Chamá-lo-ei de Jaiminho.

Barkilphedro informa a Jaiminho que um prisioneiro fugitivo seu foi capturado. O tal fugitivo foi preso unicamente por ter se recusado a beijar a mão do rei. UAU!


Lord Clancharlie, o ex fugitivo, implora a Jaiminho informações sobre seu filho. Quer saber se está vivo e se está bem.

Como todo governante competente, nosso querido e diabólico rei não faz a menor idéia do que aconteceu com o filho do camarada aí, então pergunta para seu assessor Barkilphedro, que responde com um gesto.


Guarde bem a expressão de Barkilphedro. Ela parece idiota (e de fato é), mas é importante para a explicação.

O rei percebe pelo gesto de seu bajulador que o filho de Clancharlie se fudeu, sendo vendido para um cirurgião Comprachico e tendo sua boca cortada por este em forma de sorriso, o que lhe fará parecer estar rindo o tempo todo. Deveriam fazer a mesma coisa com o Keanu Reeves para lhe dar uma expressão um pouco diferente.


Não bastasse isso, Jaiminho manda o infeliz pai para a Iron Maiden - ou Dama de Ferro - para ser morto. Sabe, é aquele instrumento medieval tipo um sarcófago com espinhos dentro. Pobre Clancharlie...

“Six! Six, six! The number of the beeeast...”


Longe dali, dois cirurgiões Comprachicos com uma criança encapuzada até a medula estão tentando alcançar um barco, pois tal raça fora banida das Inglaterra.


Mas o Comprachico chefe do barco não quer levar o garoto consigo, portanto o deixam para trás para não terem mais problemas. Os Comprachicos, caso você queiram saber, são ciganos cirurgiões clandestinos vilanescos que deformam os rostos de criancinhas para suas experiências, transformando-as em aberrações. Se a Elza Soares já existia e era criança nessa época, então tá explicado.



E de perto percebemos que o menino abandonado tem o rosto em parte coberto. Das duas uma: Ou ele é mais feio que figurante do Chaves ou é filho do Michael Jackson. Chamá-lo-ei, portanto, de Blanket (um dos filhos de Michael) daqui pra frente até descobrirmos seu nome de RG.

 
Blanket é abandonado à própria sorte nessa terra de meu Deus, onde aparentemente se enforcava pessoas como se não houvesse amanhã. E olha que nem estão mais na Idade Média.

Em suas andanças moribundas pelo deserto frio e ventoso, nosso herói mirim encontra uma mãe com seu bebê no colo. A mãe morreu, mas a criança parece estar viva.


O garoto leva o bebê consigo.

Enquanto vaga aleatoriamente com o rebento, Blanket encontra uma casa no meio do nada. É o domicílio de Ursos – O filosofo.

A casa é protegida pelo cachorro de Ursos, cujo nome é Homo. O do meu será Hetero.


Ursos lhes dá abrigo. Blanket revela seu verdadeiro nome: Gwynplaine. Eu acho Blanket mais legal, mas a vida é dura.


O filósofo checa se o bebê está bem e nota que a criança é uma menina e que é cega! Ao perceber que Gwynplaine, que tirou o pano do rosto, está rindo...


Menino feio!

Bom, como eu dizia, ao perceber que Gwynplaine está rindo, Ursos lhe diz delicadamente para parar, pois é muito feio caçoar da deficiência dos outros. Mas o garoto continua com o sorriso no rosto.

PARA DE RIR, CURUMIM FILHO DA PUTA!!! TROMBADINHA FEIO E FEDORENTO DOS INFERNOS! COM ESSE CABELO DE BICHA, ESSES DENTES PODRES E ESSE SORRISO RIDÍCULO NA CARA! APOSTO QUE FOI ABANDONADO PELOS PAIS POR SER TÂO MONSTRUOSO!! TENHA MODOS E RESPEITO PELOS OUTROS!!!

Mas Ursos, em sua eterna gentileza, logo se redime ao perceber que o sorriso no rosto de Gwynplaine foi obra dos Comprachicos. Sempre esses caras, viu!

Ursos cria os dois como se fossem seus filhos. Anos depois, o filósofo tem um circo itinerante onde Gwynplaine – agora um palhaço - é a atração principal, sendo conhecido como “O Homem Que Ri”.

Botar seu filho adotivo deformado como sendo uma aberração de circo pra ganhar dinheiro em cima dele é uma prova de fraternidade do caralho. Mas não julguemos Ursos precipitadamente. Vai que o público paga bem...


E vendo os dois agora mais velhos, percebemos que Gwynplaine continua feio. Mas Dea, a menina cega, até que dá pro gasto.

Rola um feeling entre eles, mas o rapaz se afasta de Dea toda vez que esta fala em casamento. Ou seja, fora o fato de ter a deformidade na boca, Gwynplaine é um cara normal.


Nosso herói está prestes a dar um beijaço na donzela (não me perguntem como), quando de repente...


O publico chega antes do show e começa a rir da cara de Gwynplaine...


 Que chora em vergonha e humilhação.

Tá vendo o que você fez, Ursos? Pegar o cara que é como um filho pra você e exibi-lo ao povo fazendo-o passar por esse tipo de humilhação! Não sente remorso pelo que faz? Tratante!

Mas diz aí, Ursos. Você deve ganhar uma nota preta com esses shows, heim? Que inveja! Quem me dera também tivesse uma aberração dessas pra usar em benefício financeiro próprio, hehe.

Eu vou pro inferno.

Longe dali, Barkilphedro subiu na vida e ganhou status mesmo após a morte do cruel Jaiminho. Pelo menos é o que o filme diz, pois pra mim ele continua sendo um fofoqueiro que sofre chacota de todo o reino.



Enfim, Barkilphedro descobre que Gwynplaine (que é herdeiro da coroa) está vivo e conta tudo pra princesa. E olhando-a acima... Bom, eu sinto falta das princesas da Disney.

Arf! Conheçamos agora outra peça da corte: A condessa Josiana. É essa aí que só anda de toalha pelo reino.


E que prefere ficar na putaria com a plebe do que assistir os concertos chatos proporcionados a nobreza.
 


Talvez eu até preferisse também, mas já percebemos que essa condessa é meio xarope das idéias.

A moça toma conhecimento do espetáculo do tal homem que ri e se interessa em assisti-lo.


O show começa e, por algum motivo que a ciência e a magia jamais explicarão...
 

 
A condessa perde o fôlego quando vê Gwynplaine!

Eu mencionei que ela era MEIO xarope? Esqueçam! Essa mulher é completamente retardada!! Dêem-me o telefone e o endereço dela que amanhã mesmo ela estará dividindo uma cela acolchoada com Romam Polanski, Syd Barrett e Thammy Gretchen!

Tá certo que Dea também é afim dele, mas aí ela é cega e sua deficiência justifica.

Tá, tá. Eu sei. A beleza está no interior. Eu sou um cretino sexista e superficial que vai morrer sozinho e – mais uma vez – irei para o inferno.


 
Gwynplaine percebe que a condessa caiu de quatro por ele, mas de inicio não liga muito e continua seu show. Porém, depois não para de pensar na única mulher que não riu dele durante sua apresentação.

Nosso herói então recebe uma carta de Josiana dizendo que seu cocheiro irá pegá-lo a meia-noite. Ele pede a Homo que cuide da já enciumada Dea enquanto dá sua pulada de cerca.



Sério, esse cachorro ainda tá vivo! Ou é o cão do Hylander ou ele tomou aquela mesma água suja que o Richard do Lost tomou pra ficar imortal!

Dea descobre a escapada do bofe e fica toda tristonha, mas agora é tarde. O garanhão já se encontra no quarto real da condessa, que está performaticamente estirada em sua cama real, esperando-o.


Vai que é tua, Gwynplaine, meu filho! Cai dentro, papito!!!

Mas uma carta real chega para Josiana lhe informando que querem ver Gwynplaine, e que ela deverá se casar com ele, pois o mesmo é herdeiro legitimo das fortunas reais. A garota tem um ataque histérico então.


Essas cartas reais sempre chegam na hora H pra atrapalhar! Vou e contar, viu!

Nosso amigo sorridente sai do quarto e só resta a Josiana se consolar com o macaco real. O que aconteceu no quarto depois que ela abraça o primata não é mostrado a partir daí. E do jeito que essa condessa é louca, fico feliz que assim seja.

Gwynplaine volta pra casa, onde é aguardado por Ursos, Homo e principalmente Dea. Todos ficam felizes. Nada como o lar, é o que eu sempre digo.


Mas alegria de pobre dura pouco, pois uns caras barra pesada chegam ao circo e perguntam para o porteiro se o palhaço risonho está.


E olha como a boca do porteiro está oleosa! Ou ele andou comendo frango ou exagerou na manteiga de cacau.

Nosso protagonista é preso!


Provavelmente por gente do palácio que não quer que ele tenha sua herança de direito.

Ursos segue seu filho até a prisão onde o levaram, e um guarda lhe diz que quem é levado para lá nunca mais retorna.

Ursos insiste em esperar o retorno do rapaz na entrada da prisão por vários dias, até que...


Vê uns caras saindo de lá com um caixão. E pelo visto não basta ser um caixão para termos certeza de que quem está lá dentro está morto. Tem que ter o símbolo de uma caveira pra garantir!


Ursos crê que seu amado filho foi pro vinagre e volta cabisbaixo para seu lar. É questionado pelos outros palhaços sobre Gwynplaine, e tal como John Lennon, responde: “O show acabou!”.

E não venha me corrigir dizendo que Lennon falou “O SONHO acabou”! O blog é meu e o John Lennon diz o que eu quiser!

Ursos e os palhaços, então, têm um ataque de desespero e começam a gritar loucamente por Gwynplaine.


GWYNPLAINE! GWYNPLAINE! GWYNPLAINE! GWYNPLAINE!

Mas não são respondidos. Talvez porque o herói esteja realmente morto. Ou talvez porque esteja a quilômetros de distância. Ou talvez porque estejam em um filme mudo e o áudio ainda não havia sido inventado.

 
Ursos não teve coragem de contar à Dea da tragédia, mas a cega donzela entra em desespero, imaginando o que possa ter acontecido a seu amado. O amor é cego, heim Dea? Hehe..
 .
Ai, ai. Lá vou eu pro inferno pela terceira vez.

Mas desgraça pouca é bobagem. Barkilphedro – sempre ele - chega e diz a Ursos que, por razões de Estado, ele está banido para sempre da Inglaterra. Putz!


Enquanto Ursos e Dea são escoltados para as docas...


É anunciado na cidade que algo muito importante irá acontecer naquele reino onde só tem gente louca.


Mas o que será?? Será que nosso querido Gwynplaine realmente morreu??? E se viveu, passará o resto da vida dividindo um calabouço pouco higiênico com o homem da máscara de ferro? Ou casará com a condessa doida e reclamará sua herança?? Ou retornará para sua amada Dea, seu querido pai aproveitador e seu cachorro imortal??? Quer descobrir??
WATCH IT!!

NOTA: 9,0


Com um orçamento generoso da produtora Universal, o diretor alemão contratado Paul Leni fez uma obra impactante e divertida. Ainda não li o livro, portanto não posso fazer comparações entre a adaptação cinematográfica e sua contraparte escrita. Mas lendo a respeito do livro, descobri que seu final é beeeem diferente do da película. O filme tem humor e uma carga dramática muito intensa, que é quebrada pela longa e apressada seqüência final de ação, que se torna até maçante e destoa do resto da fita. Talvez o ideal fosse dar um final igualmente poético para o filme. Mas isso é pouco para desmerecer sua qualidade. Há cenários fabulosos, bem aproveitados e enfatizados pelos vários planos gerais de câmera utilizados. As atuações são impecáveis, especialmente a de Conrad Veidt, que nos comove com seu Gwynplaine melancólico e cheio de expressões de tristeza e angústia, mesmo com o estático sorriso no rosto (sustentado por uma prótese).
Falando em Gwynplaine, talvez os mais atentos tenham percebido pelas imagens que ele se parece muito com um famoso vilão da DC Comics...

 
Pois é. Certo dia Bill finger, quadrinista das antigas que trabalhava com Bob Kane, criador do Batman, assistiu ao filme resenhado aqui. Na época, Bob Kane estava tentando criar um novo vilão para as histórias do morcego. Finger lhe mostrou uma imagem de Conrad Veidt caracterizado como Gwynplaine. Daí surgiu a idéia do palhaço vilão. Coringa permaneceria apenas durante algumas edições da revista do Batman, mas os leitores gostaram tanto que deu no que deu.

E por hoje é só, dudes! Até semana que vem!!!

Absss

2 comentários:

  1. Que aula de dramaturgia vc deu agora, e principalmente, contando no final a história de como surgiu um dos vilóes mais famosos da história. Resgate excepcional esse seu!

    http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/

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  2. gostei muito do teu blog, fala de filme e etc e eu adoro é tanto que tenho um blog sobre isso

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